sábado, 5 de dezembro de 2020

Carta aberta aos vereadores de Pindamonhangaba (de saída, salvos pelo gongo, repescado e novatos)

 Antes de 2021, para não dizerem ter sido muito tarde a mensagem...

(Tem espaço para quem quiser assinar também)

 

Aos de saída:

Temos absoluta certeza da dívida de vocês para com a comunidade. Não a dívida de gratidão, mas de resultados.

Simplesmente pela falta de coerência com a proposta de nos representarem e fazerem existir respeito aos direitos e expectativas de quem os aprovou nas urnas e do tanto restante de seres comuns, os quais se fizeram esperançosos de sua ação cidadã em defesa de toda uma população.

 

Lutar? Lutaram. Para não ficarem fora da mídia, mesmo em não sendo fieis ao povo.

Ficarão devendo muito, mas não se preocupem: promessa não é dívida, quando a cidadania se descobre livre de interesses pessoais da parte de todos os senhores.

 

Ganharam muito, pelo pouco produzido, e poderão se retirar da cena sem prejuízos materiais. Hão de levar, na bagagem do inconsciente, algum possível arrependimento para se justificarem, nos tempos de as chinelas se apresentarem mais pesadas, tornando lentos seus movimentos. O tempo, com sua imparcial medida, lhes cobrará, tenham plena certeza.

Daí, hão de entender o quanto é dolorosa a espera numa fila de atendimento à Saúde, por exemplo.

 

Nem terão orgulho em mostrar, aos herdeiros, recortes de jornais ou "prints" de portais de notícias ou redes sociais citando seus nomes. Haverá pouco de bom a ser arquivado. Precisarão usar a memória, com muito esforço, para resgatar algum momento no qual sua fala pelo povo bateu de frente com a negociação partidária, interesseira, injusta, insensata e desprovida de fraternidade.

 

Aos “salvos pelo gongo”

Tiveram a grande sorte de não estarem no grupo aí de cima. Mas, apesar de ficarem na embarcação, entendam-se marinheiros de primeira viagem, haja vista nada terem realizado de efetivo proveito ao povo. Muito lero-lero, homenagens, menções honrosas, capina de mato, colocação de lombadas...

 

Derrubar o paredão da falta de providências em benefício do povo não lhes interessou, de verdade. Permitiram, até, a perda de milhares de amostras biológicas capazes de estabelecer diagnósticos e orientação para a melhor saúde do povo.

 

Seria, esse tipo de luta, impróprio para sua carta de apresentação? Pensem nisso, sejam mais corajosos, libertem-se das saias da gestão e se coloquem ao lado, ou melhor, à frente de uma população sofrida pelas pauladas da arrogância e soberba, práticas comuns nos últimos quatro anos dessa cidade.

 

Talvez não consigam resgatar o tempo perdido, pois este não para, mas terão tempo de sobra para serem mais fraternos, justos, trabalhadores. Mesmo porque, sua conta bancária continuará abastecida por todos nós, meros trabalhadores sem direito à imunidade parlamentar.

 

Entendam terem, realmente, sido salvos pelo “gongo” e terem conseguido um "round" de bonificação para se retratarem, pelo menos um pouco...  Sua silenciosa aprovação à maquiagem cenográfica permutada com valores maiores, a minimização das necessidades humanas, o isolamento conveniente de não terem, em seus encontros semanais, a presença de seus “representados” e a inconveniente (para nós) condição de não se envolverem, efetiva e eficazmente com os verdadeiros amargores populares, são a razão para tudo ter permanecido como ficou, até agora.

 

Reflitam: consertar estragos não conseguirão, mas poderão evitar perdas maiores para a população. Descubram a espetacular diferença que faz, na vida de qualquer figura pública, o comprometimento com os interesses coletivos. Fica a dica.

 

Ao “repescado”

Você mudou de lado. Foi pelo povo ou por motivos de força maior, se é possível existirem em detrimento às necessidades coletivas?

Conhece muito de legislar. Por “tempo de janela”, conhece a praia e os caminhos da vereança. Saiba merecer essa oportunidade, apesar de ter – aparentemente – já caído na sedução do “Canto da Sereia”. Cuide para não ser dominado por esse encanto...

 

Aos novatos:

Agora a porca torce o rabo, seu Zé!

Coloquem, em seus gabinetes, a foto da família.

Não se escudem em imagens de sua crença, mas se motivem com a família. A fé precisa transcender ao imaginário, mesmo porque o Estado se faz laico para haver igualdade.

 

Entendam ser necessário esse momento de levar, em seu dia a dia, a cara de quem vocês representam por consanguinidade ou afeto verdadeiro. Não os decepcionem.

 

Seus ganhos serão resultado de suor e calos e cansaço e lágrimas e sofridas escolhas, por parte dos cidadãos comuns. Enquanto estes recebem parcos pagamentos mensais, os senhores terão gorda conta bancária; cartões de crédito; possibilidade de empréstimos consignados sem aval e com desconto em folha; tecnologia de comunicação corporativa sem custo; assessores nem tanto técnicos, por serem de “extrema confiança”; autoridade para criar leis, muitas delas nem tão favoráveis ao coletivo e darem aprovação a caprichos administrativos...

 

Sua água mineral, seu café, seus biscoitinhos, seu ventilador, seu computador e até o papel de sua higiene pessoal serão patrocinados pelo povo.

Não joguem as esperanças de todos no mesmo cesto deste descarte fecal...

 

Façam a diferença, trabalhando, pelo menos, mais um dia por semana, com as portas da Casa de Leis abertas, assim como seus ouvidos e corações, para a participação do povo de Pindamonhangaba. Até mesmo formalizem a Tribuna Livre com mais tempo e a incluam no protocolo comum de todas as sessões ordinárias. Sem a necessária consulta ao plenário. O cidadão precisa ter voz, sim, para lhes despertar, constantemente, o motivo de estarem no Legislativo.

 

Marquem seu nome na história, de forma clara, decente, brilhante e sem maquiagens ilusórias. Vocês têm o Poder conquistado. Também são meros mortais e as páginas da história não se ocupam, muito, com exemplos ínfimos de respeito e dignidade. Vale manterem o propagado e ostentarem essa proposta com o custo da própria vida: defender o povo.

 

Essa tarefa, aliás, não compete só aos profissionais das Forças Armadas e, sim, a todos quantos se proponham, sob juramento formal, dar proteção e respeito ao povo todo existente debaixo do mesmo pavilhão sagrado que é a Bandeira Brasileira.

Leis lhes serão luz de fazerem a fala certa, honesta, imparcial e proba.

Esperamos terem pleno conhecimento da Constituição Municipal e do Regimento da Câmara de Vereadores. Não tenham esses textos como berloques em suas falas ou mera decoração em suas estantes.

 

A todos:

“O futuro será consequência da nossa alienação ou da nossa consciência” (Gilberto de Castro Rodrigues, poeta, psicólogo e bacharel em Direito).

 

Assino, sim:

Marcos Ivan de Carvalho,

Jornalista Independente, MTb36001/SP

Filho adotivo da querida linda Pindamonhangaba.