Carta aberta a quatro distintos destinatários
Ao cidadão Irineu Migliori:Não o sei
pessoalmente, mas entendo dos sentimentos próprios de um artista.
Ao terminar
um novo trabalho, é como se parisse um filho com um tanto de suor, lágrimas,
arranhões e palavrões, seus... Tudo para dar, à obra de arte, a leitura
desejada pelo cliente comprador. Esse faz o menor dos esforços: paga para ter o
capricho de possuir uma obra de arte.
Há a
necessidade de o respeitarmos pelo contexto de seu trabalho com o “João do Pulo”,
mas, com a sinceridade de nossa formação, temos certeza de ser-lhe possível
fazer melhor.
Entendo a obra
ter sido aprovada pelo cliente. Para isso, não importou, ao prefeito cliente, a
fidelidade do hiper-realismo. Simplesmente por ter sido uma obra oferecida
graciosamente ao município. (Em termos, pois alguém desembolsou, no mínimo, R$
40 mil, sem contarmos toda a mão de obra para o transporte e instalação).
Não se
preocupe. O público tem o direito de criticar, seu trabalho está pago e o
cliente arrouba-se em dizer ter oferecido algo novo para a cidade.
Tenho
certeza: se o cliente não houvesse gostado, o senhor buscaria fazer melhor. Em
seu nome, também apresento meus respeitos ao autor da obra destruída.
João do Pulo,
entretanto, não ficaria satisfeito com a pretensão política dessa escultura...
Ao prefeito Isael Domingues:
Você vai
colocar uma placa com a inscrição de seu nome naquele local. Todos lembrarão a
nem tanto pensada intenção de remover uma obra de arte, afrontando a História
de Pindamonhangaba, violentando o currículo do artista autor da estrutura
metálica, para substituí-la por outra obra de arte, já referida e respeitada
acima.
Peça a todos
os repórteres fotográficos documentarem essa placa. Mande fazer uma foto
ampliada e guarde em seus pertences. Servirá como motivo para refletir sobre
como não fazer promoção pessoal, patrocinada por terceiros, e expor respeitados
artistas plásticos. Tanto o preterido (Lizar Artista Plástico) como o de agora,
Irineu Migliori.
Já lhe tocou
o íntimo a situação emocional de um e de outro artista? O primeiro teve um
trabalho destruído e seu currículo desqualificado. O atual, por conta da incompetência de
quem aprovou a obra, alvo das críticas de um bom tanto de munícipes
insatisfeitos. Justo isso?
A arrogância,
a soberba, o ego massageado pela insensatez demonstram, em nem tanto subjetivo
discurso, o pouco amor e respeito dedicados à nossa cidade e ao nosso povo.
Apesar dos corações espalhados por aí...
Bata no peito
e diga: “Mea culpa, mea culpa, mea culpa...”. (repita isso até mesmo diante da
família, a qual deve ser motivo de chacotas, desde o “Wolverine” também doado
com o apelido de “Portal da Cidade”).
(Mesmo porque
nenhum puxa-saco vai assumir essa coisa).
Ao respeitável público:
Aí está...
Uma cara
lavada, da atual Administração, insistindo em ser a bola da vez, de modo tão
acintosamente impróprio.
Não houve
audiência pública, para apresentação da proposta de mudança do monumento.
Mesmo em se
tratando de doação, não mexendo nos cofres públicos, o presenteado (povo pindamonhangabense)
teria o direito de aceitar ou não. Ou, no mínimo, escolher. Presentes, quando
não nos servem, podem ser trocados. Temos até um Código a garantir isso.
Descaracterizaram
um cenário consagrado em diversos momentos, desrespeitaram um já patrimônio da
cidade. Sem chances de o pacato povo reagir.
Certamente os
Conselhos Municipais de Cultura, Patrimônio Histórico e Turismo nem chegaram a
ver o rascunho da ideia em se ter uma ideia de como ter uma ideia de tirar um
atrativo e já ponto de referência, para apenas exercitar a soberba política.
Não há
respeito aos Conselhos Municipais. Pelo menos sinto isso por frequentar as
reuniões do COMTUR – Conselho Municipal de Turismo o qual, há bom tempo, parece
ser obrigado a se render aos desejos do Departamento de Turismo.
Já passou da
hora de a verdadeira Sociedade Civil de Pindamonhangaba se fazer ouvir e
respeitar, por meio dos Conselhos. Deliberem senhores conselheiros, e não
apenas acatem as decisões da Administração Municipal. A não ser existir,
realmente, algum interesse pessoal de cada um deixar ficar como está...
Aos colegas da imprensa:
Sejam
merecedores do crédito popular.
É o povo quem
paga e consome suas verdades, por recolher impostos municipais.
Vale darem
valor ao seu nome próprio e não apenas aos releases da Administração.
Não há
dinheiro que pague a Imprensa autenticamente justa e ímpar.
Assino, sim.
E quem quiser, fique à vontade para assinar.
Marcos Ivan
de Carvalho
Jornalista
independente MTb36001/SP
Apaixonado
pela mãe adotiva Pindamonhangaba.