Carta aberta, em tempos de corrida eleitoral, com alguns comentários e puxões de orelha
Saudações.
Há muito tempo já está
comprovado, sem nenhum risco de errarmos: os verdadeiros bons e excelentes
resultados em Turismo estão na integração e no protagonismo dos empresários da
sociedade civil, responsáveis diretos pelo sucesso do desenvolvimento do
município.
Não há como qualquer
gestor municipal se dizer apto e disposto em promover ações capazes de se obter
a consolidação do Turismo Receptivo como gerador de emprego e renda se não
contar, efetiva e constantemente, com os proprietários de bares, restaurantes,
meios de hospedagem, casas de espetáculos, agências de receptivo, equipamentos
e projetos de se realizar imersões nas diversas vertentes do Turismo como: aventura,
ecologia, ambiental, cultural, rural, religioso, negócios, educativo e demais
do trade.
Nestes tempos de
corrida para se alcançar a principal cadeira no palácio espelhado de
Pindamonhangaba, vemos e ouvimos candidatos discorrendo suas propostas de ações
voltadas ao Turismo. Não destacadamente o Receptivo, mas Turismo, haja vista
algumas contradições manifestas as quais, não veladamente, contradizem a fala
de um ou de outro candidato.
Na verdade, são falas
com dois possíveis motivos: se desvencilhar logo do tema, sem complicar o resto
da participação, ou deixar o adversário confuso, já que o tema é um tanto bom
desconhecido da maioria dos concorrentes.
Do pouco visto e
ouvido nos últimos “debates” fizemos um extrato para exemplificar como o tema é
conhecido superficialmente pela maioria.
Comecemos por Deltônio Aires (PDC) – Firma todo
seu discurso nas matrizes econômicas, as quais deverão reger o mandato ao qual
concorre. Investe no Turismo como solução de muitas dificuldades, mas, não
envolve o empresariado, trazendo para sua suposta mesa de trabalho as decisões
todas, neste caso, no referente ao tema comentado. Acena com a necessária
revisão do Plano Diretor de Turismo, mas não desenvolve nenhum parecer
consistente a respeito. Peca num ponto importante.
Rafael Goffi (PSDB) levanta a bandeira do Turismo
anunciando algum tipo de escola, rebusca falas para fortalecer o discurso, se
apoia – até certo ponto acertadamente – na combinação Turismo + Cultura, haja
vista serem “unha e carne”. Fala em verbas impositivas conquistadas para a
cidade e acena com mais ações neste sentido. Mas não aponta nada de positivo,
como medida inicial para o Turismo Receptivo. Como vereador, na atual
legislatura, aprovou, junto com os demais vereadores, o projeto gerador da Lei
6.122/2018, sem tomar o menor conhecimento da redação e do texto retirado do
modelo estabelecido pela Secretaria de Turismo do Estado de São Paulo. Aliás,
nenhum vereador leu o texto proposto, nem seus assessores, a Comissão de
Turismo e o Jurídico da Edilidade. Assume o mesmo pecado de Deltônio.
Luís Rosas, por seu lado, também tece alinhavos a
respeito, pinçando do passado – quando João Ribeiro foi gestor municipal –
algumas ações para o Turismo se destacar. Confirma seus conhecimentos a respeito
de alguns setores merecedores de atenção, enquanto atrativos turísticos. Segue
um desenho de João Ribeiro, seu apoiador e ex-prefeito, quanto à necessidade de
Turismo Receptivo e artesanato, principalmente. Repete a mesma falha dos dois
anteriores.
Gustavo Tótaro (PMN) tem uma fala bem situada quanto ao
necessário para se promover o Turismo Receptivo em Pindamonhangaba. Conhece a importância
de se tomar uma decisão a qual venha, de imediato, tornar mais rasas as
dificuldades quanto ao trade. Foca suas ações na recuperação de atrativos, como
é o caso mais vergonhoso de nossa cidade a “pendenga” existente entre a Mitra
Diocesana de Taubaté e Prefeitura de Pindamonhangaba quanto à solução adequada
ao patrimônio tombado Igreja de São José, onde estão sepultos os restos mortais
dos cidadãos locais os quais testemunharam o brado do príncipe Pedro I à margem
do riacho do Ipiranga. O templo está se desmanchando e poderá vir a soterrar
esses mesmos restos mortais. Estabelece alguma possibilidade de utilização da
EFCJ – Estrada de Ferro Campos do Jordão para o fortalecimento do Turismo
Receptivo. A EFCJ está passando por estudos para sua privatização. Já foi conselheiro de Cultura, entende a
importância dos Conselhos Municipais. Não foge ao esquecimento havido na fala
dos demais.
Gabriel Cruz (PSOL) – Tem sua fala voltada à gestão pela
população, preocupada em emprego, saúde e renda mas não se situa como defensor
do Turismo. Logicamente, pelo próprio formato da política partidária. Mas nem por
isso, e por não ter sido perguntado, demonstrou desconhecer ações necessárias
no Turismo Receptivo.
Vito Ardito (PP) – Prefeito por quatro mandatos, tenta o
quinto. Fala como verdadeiro turista, quando discursa sobre as viagens feitas
ao exterior, na prospecção de investimentos para Pindamonhangaba, gerando
emprego e renda. Bate no peito, dizendo ter trazido cinco hotéis para a cidade.
Vantagem disso, segundo ele: os turistas podem passear em Campos do Jordão e
Santo Antônio do Pinhal, vindo dormir em Pindamonhangaba... Demonstra mais ser
um operador de turismo, programando onde, efetivamente, o turista vai investir
seu dinheiro. Pindamonhangaba não precisa de hotéis para ser cidade dormitório.
Os meios de hospedagem, alimentação, transportes e outros carecem ser vistos
como recursos da cidade para o Turismo Receptivo existir e acontecer. Fala
muito sobre o já feito pela cidade, perde tempo com isso e não acena como
nenhum tipo de solução viável em curto prazo. Também se esquece e peca como os
demais.
Isael Domingues (PL) – Não conhece sobre Turismo Receptivo,
mantém um Departamento com subsecretaria e diretoria dirigidos por cargos
comissionados. Deixa tudo na mão do citado departamento, se apoia em desenhos
de fala sem nenhum conhecimento, raso que seja. Não admite contradições, foge
de eventos onde percebe a possibilidade de ser “enquadrado” e ficar num “mato
sem cachorro”. Bate no peito, ao lado de seu “Sancho Pança”, avisando sobre uma
fictícia vitória “de lavada”. Ousam, ambos, a cometer a heresia de se afirmarem
escolhidos por Deus, o qual está do seu lado. Turismo, para a atual gestão, é
pintar a cidade, trocar tampinhas de garrafa com verdadeiros espaços de grande
valia para empresas oportunistas. Do tipo, nos tempos dos álbuns de figurinhas,
dar uma figurinha carimbada em troca de outra qualquer, sem completar a página
e sem ganhar o prêmio. Troca, sem troco... Não conhece de Turismo, muito menos
o Receptivo.
Pelas bandas da Câmara
Municipal, a única atual vereadora esbanja egoísmo, afirmando ter –
pretensiosamente – feito muito pelo Turismo da cidade. Daí, sobe a Mantiqueira
e vai buscar o apoio de um empresário o qual “domina” o Pico do Itapeva. Um
discurso rançoso, falso, altamente sem nenhuma lógica para o Receptivo. Assim
como Campos do Jordão puxa a sardinha do Pico do Itapeva para si, a mocinha
pretende usar esse atrativo como reforço de campanha. Bate o pé e afirma fazer
tudo pelos artesãos. Mas não cuidou de ler a tal lei referida acima. Essa lei,
no texto votado pelos vereadores, já foi reformada duas vezes e nós demos um
verdadeiro empurrão para isso acontecer. A vereadora, aliás, é membro da Comissão
Permanente de Educação, Cultura, Turismo e Esporte. No mínimo, deveria se orientar
a respeito da obediência ao texto disponibilizado pela Secretaria de Turismo do
Estado de São Paulo. Não o fez, pois o texto dá poderes definidos ao COMTUR – Conselho
Municipal de Turismo, como segue “Acompanhar,
avaliar e fiscalizar a gestão de recursos constantes do Fundo Municipal de
Turismo e dos recursos advindos da Lei Estadual complementar 1.261/2015,
opinando sobre as prestações de contas, balancetes e demonstrativos econômicos
financeiros referentes às respectivas movimentações”.
Alguns candidatos a
vereador, de carona no trem da história, acenam com trabalho em prol do
Turismo. Uma das ideias é legislar sobre o funcionamento dos bares com música
ao vivo... Só isso não basta, apesar de a vida noturna ser essencial para um
município o qual pretenda vir a ser um modelo de Receptivo em Turismo.
Qual pecado cometido?
Nenhuma citação, nos
debates, à importância do COMTUR – Conselho Municipal de Turismo, composto por
representantes da sociedade civil (com 2/3 dos integrantes) e da Administração
Municipal (1/3). O COMTUR de Pindamonhangaba tem caminhado para se estruturar
melhor, vencer desafios, consolidar sua proposta e suas responsabilidades. Não
merece, e nem pode, ficar distante das ações pretendidas serem denominadas de
turísticas. Mesmo porque, quando de relatórios aos órgãos estaduais ou
federais, a assinatura do COMTUR é indispensável para a consecução ou
justificação de repasses de verbas para o Turismo Receptivo.
Para fechar: qualquer
candidato vencedor deverá rever, mesmo antes da posse, seus conceitos e
conhecimentos sobre Turismo Receptivo, COMTUR e Política Pública. O COMTUR não
pode ser moeda de troca e a sociedade civil precisa ter motivos para acreditar
sobre sua importância de contribuir para a cidade ser, definitivamente, destino
turístico.
Puxãozinho de orelha 1:
A sociedade civil não
pode, por sua vez, acomodar suas expectativas sobre a mesa do gestor municipal,
desde agora. Para não passar vergonha por não saber desfrutar dessa fonte de
emprego e renda e dar chance para os oportunistas se adequarem aos interesses
do gestor municipal.
Puxãozinho de orelha 2:
Como seria
interessante e justo todos utilizarem PINDAMONHANGABA, em vez da reduzida
denominação “PINDA”.
É a minha opinião.
Marcos Ivan de
Carvalho
Jornalista Independente
MTb36001
Gestor de Turismo
Publicitário
Radialista
Escritor.
Pindamonhangabense
por adoção, direito e gratidão.
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