Ele viveu.
Ajudou um tanto bom de pessoas a entender a vida, pela
música.
João.
Nos tempos do século passado, o rapaz circulava pela cidade
com o pinho nas costas, alguns vinis nas mãos e uma vontade sadiamente louca de
cantar e botar muita gente no “coral”, o chamado back vocal de agora.
Quando o Jorge era ainda só Ben, sem o Jor, aconteceu de uma
noite, no balcão do Bar do Jota, na saudosa Ferrô da Fernando Prestes, João nos
chegar com o violão afinadíssimo, numa batida incrível.
- Quem tiver ouvidos, ouça! Tirei agora essa nova do
Babulina! E no tom original (acho, rsrss)...
Atacou os acordes de “País Tropical”, com uma incontida
alegria.
Noutros tempos, numa das noitadas de muito papo, música dos
Beatles e do Caê, João nos apareceu com um compacto simples da Odeon. No selo: “Sá
Marina”. Mandou ver, com a levada original do Simonal.
Daí ganhou o batismo: de João Socó, conhecido, para João
Socomonal, bem ao estilo do suingue “simonalístico”.
Socó, o João do incrível contrabaixo de pau, do Som B7 ou no
Som B5, contrabaixo elétrico.
Socomonal, das pegadas cuidadosas no teclado do antigo
Diatron, precursor dos teclados sintetizados.
João Socó, meu primeiro professor de violão. Cifrou, dentre
outras, “Menina da Ladeira”, “Viola enluarada”, “Sampa”. Estudei, mas as
anotações escorreram pelas cortinas do implacável Tempo.
A elasticidade do Mestre de todos os momentos, o Tempo,
distendeu a possibilidade de abraços, falas e encontros acontecerem.
E o menino grande fazia música “de ouvido” e se solidarizava com os apreciadores dos bailes e brincadeiras dançantes da época. A moçada
ficava “no gargarejo” apreciando o trabalho dos músicos, inclusive de João
Socó.
Em seu currículo cabe anotação de incontáveis participações
em diversas formações. Arrisco algumas: Biriba Boys, Realce, Os Bárbaros,
Controle Remoto, Rose Star...
Até parecia ser preciso eu ficar triste, ao saber da chamada
feita para João Socó contribuir na Banda do Céu. Entretanto, consolei meus
olhos e sentimentos, ao saber de ele estar muitíssimo bem acompanhado.
A moçada já estava preparada para o ensaio com o mais novo
integrante.
A Banda do Céu, com Pimentel e Marinho Batera, Zeca
Maravilha e Uly Carlos, Ocimar e Basílio, Abelardo Araújo e Dodi, Fred Macruz e
Zé Sambinha, conta, agora, com um experiente parceiro chamado João Socó.
Para os mais antigos dessa banda maravilhosa, nossa
recomendação: não se esqueçam de fazer o melhor, cuidando de quem ainda está
por aqui, orando por vocês.
Descanse em paz, caríssimo João Socomonal.
Aumentem o som... A Banda do Céu não gosta de tristeza...
Viva a Banda do Céu!
(Marcos Ivan de Carvalho, fraternal e carinhosamente amigo
com muita saudade dessa moçada toda).